sábado, 7 de dezembro de 2013

Paranóia no NE


                   
                             A Roberto Piva
Eu vi uma cidade cujo nome eu jamais esquecerei
onde anjos tombam como se fossem bonecos mamulengos
sangues nas ventas e tripas no terreiro
onde  meninas são estupradas pelos próprios pais, tios,
padrastos, etc.
Onde adolescente estuda, mas não tem discernimento
estéril mata, esfola os seres humanos de bem e
apenas é apreendido, e logo liberado
onde a pedida agora é a via da bandidagem
dinheiro fácil e se fazer bem na fita
onde a TV globo é a lei e inspiração
na sua triste vida
massificação
onde as drogas rolam soltas; a cocaína vem com os home de
avião
ao crack se entrega, assinando sua 'libertação'
a vida vira página virada, bestamente,
se não pagar o patrão
onde o estudo faz parte de sua alienação
quer um diploma, sem leituras e
intelectualização
onde as armas pesadas que possui
foram fichinhas na guerra do Vietnã
as fronteiras estaduais, todas, sem exceção,
liberadas aos forasteiros de plantão
onde o álcool parece que já faz parte da grade
curricular do ensino fundamental
onde apenas é bambam, quem se fizer pangaré
tudo muito bonito, só pra inglês vê
onde as borboletas voam acima
das cabeças
e os urubus ficam atentos aos pequenos
deslizes
onde a morte virara a coisa mais
natural do mundo
viver não valerá mais a pena
onde a cabeça é mais um objeto
obsoleto


p.s.: inspirado no poema Paranoia em
Astrakan, do Poeta Roberto Piva
Veja
http://adeiltonlima.com.br/2013/02/poesia-do-dia-roberto-piva-paranoia-em-astrakan/

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